No Dia Internacional da Enfermagem, campanha mobiliza brasileiros e marca a luta pelo piso salarial da categoria

No Dia Internacional da Enfermagem, campanha mobiliza brasileiros e marca a luta pelo piso salarial da categoria

Evento online organizado pelo COFEN para o lançamento da campanha "Valorize a Enfermagem" contou com a participação de jornalistas e formadores de opinião


Prestes a atingir o índice alarmante de quase 800 vidas perdidas para a Covid 19, os profissionais de enfermagem do país buscam forças para celebrar o Dia da Enfermagem este ano. Nas palavras da enfermeira Sandra Valesca Fava, de Fortaleza, Ceará, “vivemos esta busca diariamente dentro de uma rotina incansável em hospitais, postos de saúde, unidades de atendimento”.


Com a experiência de quem está há 27 anos atuando para salvar vidas, a profissional declara apoio à campanha “Valorize a Enfermagem”, lançada pelo Conselho Federal de Enfermagem, para marcar o Dia do Enfermeiro, celebrado nesta quarta, 12 de maio. O movimento apresenta à opinião pública a luta da categoria, destacando sua legitimidade e urgência. Até o próximo dia 20, uma série de iniciativas idealizadas pelo Cofen vai destacar a realidade destes trabalhadores e a importância da valorização dos mais de 2,4 milhões de profissionais que atuam na área aqui no Brasil. “É um momento ímpar de luta para a nossa categoria. São milhões de profissionais, como eu, que precisamos adotar jornadas duplas de trabalho, por exemplo, para poder manter as contas em dia. O que dobra também o cansaço físico e mental. Precisamos de um salário digno. Pedimos o que é justo”, declara.



A campanha "Valorize a Enfermagem" evidencia os desafios enfrentados há anos por enfermeiros, técnicos, auxiliares e obstetrizes. “Estamos falando da maior categoria da saúde no Brasil. São milhões de trabalhadores que, em meio à maior crise sanitária dos últimos anos, enfrentam rotinas exaustivas de trabalho, falta de reconhecimento, falta de recursos para desenvolver suas atividades com o mínimo de dignidade e segurança e os baixos salários”, destaca a Presidente do Cofen, Betânia Santos.


Um dos focos da campanha é exigir do Congresso celeridade na votação do Projeto de Lei 2564/2020. De autoria do Senador Fabiano Contarato (Rede ES), a proposta já obteve declaração favorável da relatora, a Senadora Zenaide Maia (Pros RN), mas segue na agenda de pautas da Casa, sem previsão de ser votada, causando indignação e mobilizando a população a pressionar uma definição.


Nas redes sociais, a campanha ganha voz e no site valorizeaenfermagem.com.br, onde está disponível a consulta pública do Senado sobre o Piso Salarial da Enfermagem, mais 922 mil votos favoráveis ao PL já foram computados a favor da proposta.


A proposta, que fixa jornada de trabalho em seis horas diárias – chegando a 30 horas semanais – altera a lei no 7.498, de junho de 1986, para instituir o piso salarial de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras. “Mais do que nunca precisamos estar unidos nesta mobilização nacional. Precisamos valorizar estes trabalhadores e dar à todos eles condições de trabalho. Ambientes seguros e remuneração adequada às jornadas que exercem. Isso é justiça!”, declara Betânia.


Valorize a Enfermagem: uma campanha de todos


De acordo com o Cofen, hoje são mais de 2,4 milhões destes trabalhadores enfrentando árduas rotinas de trabalho e tendo que sobreviver em meio às desigualdades salariais. “Nosso movimento é uma campanha de todos. Porque todos os brasileiros, pelo menos uma vez na vida, já recebeu algum tipo de atendimento dos nossos profissionais, em hospitais, clínicas, unidades de pronto atendimento, enfim. É hora de darmos as mãos e cobrar do poder público o que é justo: um piso salarial de R$ 7.315,00 para enfermeiros, correspondendo a uma jornada de 30 horas semanais. Para os técnicos e auxiliares de Enfermagem o piso salarial previsto é, respectivamente, de 70% (R$ 5.120,50) e 50% deste valor (R$ 3.657,50)”, explica a Presidente.


Segundo o Cofen, há alguns estados onde o salário médio de enfermeiros pode ser inferior a dois salários mínimos. As diferenças e valores incompatíveis com a responsabilidade e com a formação do profissional são observadas em todas as regiões de Brasil, e, na visão do Cofen, a única forma de corrigir a situação é criar esse piso por horas trabalhadas. “A pandemia trouxe visibilidade à realidade enfrentada por quem se dedica ao cuidado. Estamos confiantes com relação a aprovação do PL e contamos com o nosso principal aliado nesta batalha, a população brasileira, que apoia nosso os profissionais, reconhece o trabalho e dedicação para conter o colapso sanitário”, afirma.

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Foto de Rogério Anício