Governo de Minas Gerais rejeita proposta de mineradoras responsáveis por rompimento de barragem em Mariana

Governo de Minas Gerais rejeita proposta de mineradoras responsáveis por rompimento de barragem em Mariana

O governo de Minas Gerais não aceitou a proposta de pagamento das mineradoras responsáveis pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015.


São R$ 112 bilhões para os estados de Minas Gerais e Espírito Santo repararem os estragos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, sete anos atrás. Mas o plano de pagamento oferecido pela Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton, gerou o impasse.


As empresas queriam 20 anos para quitar a enorme dívida socioambiental provocada pela tragédia. 19% seriam pagos nos primeiros quatro anos, e 30%, nos últimos cinco anos do prazo. O governo mineiro não concordou com o novo acordo e decidiu encerrar a negociação.


“A população já espera há sete anos por um processo reparatório devido, e o que as empresas desejam é postergar ainda mais este processo, o que para nós é absolutamente inaceitável”, afirmou Luísa Barreto, secretária de Planejamento e Gestão de Minas Gerais.


O Ministério Público Federal (MPF) – que acompanha a negociação que acontece há quase dois anos entre as mineradoras, os governos de Minas, Espírito Santo e prefeituras – informou que não assinará nenhum acordo que não tenha a concordância do poder público. O processo deve seguir na justiça, sem prazo para conclusão.


O Movimento dos Atingidos por Barragens lamenta ter ficado fora da discussão. “A gente vê ainda muita destruição e pouca reparação sendo feita. Então mostra essa situação de mais angústia, mais desesperança para as famílias atingidas”, disse Letícia Oliveira, coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens.


O rompimento da barragem de Fundão aconteceu em 2015. A enxurrada de lama matou 19 pessoas, acabou com povoados, contaminou rios e chegou ao mar no Espírito Santo.


O dinheiro da reparação dos danos é fundamental para investimentos nas áreas de educação, saúde e meio ambiente nas regiões atingidas. Superar o que aconteceu não é fácil, ainda mais quando chegamos em locais como as ruínas de Paracatu de Baixo, um dos distritos de Mariana destruídos pela lama da barragem que se rompeu.


Muitas famílias que perderam suas casas reclamam da demora da entrega do que foi acertado em outros acordos. Os novos assentamentos para receber centenas de pessoas que passaram a morar de aluguel social ainda estão em construção.


“Estou assim, desesperada, esperando entregar a nova casa. Até hoje a casa não saiu. A gente vai lá para ver a casa, chega lá, vê eles trabalhando e está do mesmo jeito. Tem dia que a gente tem que chorar, aí eu choro. Meu menino de 15 anos chora”, lamenta a dona de casa Luciene da Silva.


A Vale e a Samarco não quiseram comentar o assunto.

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