Israel diz que vai invadir Rafah com ou sem apoio dos EUA

Israel diz que vai invadir Rafah com ou sem apoio dos EUA

Israel afirmou nesta sexta-feira (22) que invadirá Rafah, uma cidade no sul da Faixa de Gaza onde estão aglomerados 1,5 milhão de deslocados pela guerra, com ou sem o apoio dos Estados Unidos, que sofreu uma derrota na ONU após China e Rússia vetarem sua proposta de cessar-fogo.


O secretário de Estado americano, Antony Blinken, se reuniu com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta sexta em um giro regional para pressionar por uma trégua em Gaza, onde mais de 32 mil pessoas morreram em quase seis meses de guerra, segundo o último balanço do Hamas.


Netanyahu disse a Blinken que Israel não pode "vencer o Hamas sem entrar em Rafah" e que "espera fazê-lo com o apoio dos Estados Unidos, mas que se for necessário, faremos sozinhos", declarou o primeiro-ministro em um comunicado.


A comunidade internacional, incluindo os principais aliados de Israel, como os Estados Unidos, alertam para o risco de uma catástrofe humanitária se Israel invadir aquela cidade no sul do território palestino de 2,4 milhões de habitantes, devastado pelo conflito e à beira da fome.


Antes de partir, Blinken afirmou que os Estados Unidos "compartilham o objetivo" de derrotar o Hamas, mas que uma grande operação militar em Rafah ameaça "isolar ainda mais Israel".


Hamas comemora veto na ONU


Nesta sexta, Rússia e China vetaram a resolução proposta pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo "imediato" em Gaza vinculado a um acordo de libertação de reféns sob controle do Hamas.


Moscou considerou que o texto apresentado como um "exercício retórico vazio" contém um "sinal verde" para Israel realizar uma operação militar em Rafah.


Já Pequim classificou o texto como "hipócrita" e "ambíguo", uma vez que "impõe condições para o cessar-fogo".


O Hamas comemorou o veto de ambos os países e denunciou que o texto contém uma formulação "enganosa" e "cúmplice dos objetivos do inimigo sionista criminoso", que lhe "permite continuar sua agressão".


Para Blinken, o veto dos dois países foi "cínico", diante dos 11 votos a favor, três contra (Rússia, China e Argélia) e uma abstenção (Guiana).


China e a Rússia são dois dos cinco membros permanentes do Conselho (juntamente com EUA, Reino Unido e França) com poder de veto.


Nas últimas 24 horas, os confrontos em Gaza deixaram pelo menos 82 mortos, informou o Ministério da Saúde do território palestino.


O Exército israelense continua suas operações no hospital Al Shifa, o mais importante do território localizado na Cidade de Gaza, no norte do território.


As forças israelenses afirmam que mataram mais de 150 combatentes palestinos e prenderam mais de 350 desde o início da semana na área do hospital.


Israel também continuou a bombardear Rafah e seus arredores, onde a maior parte da população de Gaza se refugia. 


Entre as ruínas de uma casa destruída nesta cidade, Nabil Abu Thabet disse que "civis inocentes" foram executados. "As pessoas foram atacadas à uma da manhã, quando dormiam", disse à AFP.


Trégua "ainda possível"


No Catar, os mediadores no conflito também trabalham para alcançar um acordo de trégua de seis semanas entre Israel e Hamas, além da libertação dos reféns sequestrados pelo grupo islamista palestino em 7 de outubro e um aumento da ajuda humanitária para Gaza.


Blinken afirmou na quinta-feira que "as brechas estão diminuindo" nas negociações para uma trégua. "É difícil de alcançar, mas acredito que ainda é possível", destacou.


A guerra eclodiu em 7 de outubro com um ataque surpresa de milicianos do Hamas, que mataram 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.


Também sequestraram 250 pessoas no sul do país. Israel afirma que 130 reféns continuam em cativeiro em Gaza, dos quais 33 teriam morrido.


Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva aérea e terrestre contra a Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islamista desde 2007.


Até ao momento, esta operação militar deixou 32.070 mortos e 74.300 feridos, segundo o último balanço do Ministério da Saúde de Gaza.


Ameaça de fome


De modo paralelo à viagem de Blinken a Israel, o diretor do Mossad (serviço de inteligência israelense), David Barnea, deve se reunir em Doha com seus homólogos dos Estados Unidos e Egito, William Burns e Abbas Kamel, e com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani.


O Hamas aceitou uma trégua de seis semanas, ao invés de um cessar-fogo definitivo como exigia anteriormente. Mas ainda existem divergências a respeito da troca de reféns do Hamas por presos palestinos detidos em penitenciárias de Israel.


Um acordo de trégua também deve incluir um aumento da ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, onde as ONGs e as agências da ONU alertam para o risco iminente de fome.


Israel impõe atualmente um cerco praticamente total ao território e controla de maneira minuciosa a entrada de ajuda, o que trava o fluxo, principalmente dos suprimentos procedentes do Egito.


"As crianças morrem de fome. Estão privadas de alimentos", alertou o Comitê dos Direitos da Criança da ONU, que reiterou o pedido de cessar-fogo.


Vários países organizam entregas aéreas de mantimentos. Um corredor marítimo do Chipre até Gaza também foi aberto, mas a ONU reitera que estas iniciativas não substituem as entregas por via terrestre. (AFP)

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