Polícia descobre ‘disque-drogas’ em Belo Horizonte

Polícia descobre ‘disque-drogas’ em Belo Horizonte

Comumente utilizado para definir serviços de entrega de alimentos como pizza e hambúrguer ou consertos domésticos, o “delivery” chegou ao mundo do crime. Uma investigação da Polícia Civil deflagrou um esquema de tráfico de drogas por meio de telefonemas ou, até mesmo, aplicativos de conversas, como o WhatsApp.


O inusitado modelo de negócios foi adotado por alguns traficantes que atuavam em Belo Horizonte e região metropolitana. Maconha, cocaína e ecstasy, de uso e comercialização ilegais, eram entregues por Symon Pessoa dos Santos, 24, e Gleison Alex de Lima Ribeiro, 39, a dezenas de usuários semanalmente em lugares distintos. No último dia 6, a Polícia Civil deflagrou uma operação com o objetivo de reprimir o tráfico de drogas na capital e prendeu a dupla em flagrante.


“A gente contou com a colaboração de alguns usuários e através do fluxo de informações que eles destinaram pra gente, a gente conseguiu captar esse meio de operação dos autores, que eles mesmos chamavam de delivery”, contou o delegado Daniel Araújo, da 3ª Delegacia Noroeste.


Ainda segundo o delegado, criminosos utilizavam carros clonados para fazer as entregas. “O Symon a gente conseguiu obter informação precisa que ele fazia a entrega das drogas através de um veículo clonado. Por meio desse veículo a gente foi até a casa dele e encontramos aproximadamente 200 comprimidos de ecstasy e certa quantidade de outras substâncias alucinógenas utilizadas por usuários  mais voltados ao público de festas de músicas eletrônicas”, afirmou Araújo.


Já Ribeiro, segundo o delegado, seria um traficante especializado no tráfico de cocaína. “É um produto bastante puro. Encontramos a cocaína com ele e ela sequer estava na qualidade de pó ainda, estava em formato de cristais”, afirmou. “A gente acompanhou ele fazendo algumas entregas e o prendemos fazendo a entrega de um tablete de maconha na porta da casa dele, no exato momento em que ele estava recebendo R$ 300 de pagamento”, completou.


Segundo a Polícia Civil, Ribeiro vai responder pela operação e por tráfico de drogas e Santos por tráfico de drogas e veículo clonado.


Impunidade


Symon Pessoa dos Santos, 24, e Gleison Alex de Lima Ribeiro, 39, presos em flagrante por realizarem “delivery” de drogas, não foram apresentados à imprensa pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (21) porque vão responder ao processo em liberdade. Santos pagou uma fiança de R$ 18.000 e Ribeiro foi liberado pela Justiça após uma audiência de custódia, com a condição de utilizar uma tornozeleira eletrônica. Para o delegado Daniel Araújo, da 3ª Delegacia Noroeste, contudo, liberdade dos apreendidos é frustrante.


“É muito frustrante. A gente sabe que é um empenho enorme tanto pessoal, dos policiais, quanto do estado, que depende de recursos logísticos, humanos e financeiros. A gente utiliza vários recursos e corre um grande risco para efetuar prisões desse tipo e acaba vivendo uma legislação permissiva, que transmite para o transgressor a sensação de que o crime dele vai resultar impune. Não é culpa nem da polícia nem da Justiça, mas da legislação mesmo”, afirmou.


Ainda segundo o delegado, investigações têm que ocorre independentemente do resultado. “A gente tem que continuar exercendo as nossas atribuições independente do resultado que a gente vai chegar. Somos servidores públicos e as nossas atribuições são combater isso independente do que a gente acha ser justo acontecer ou não”, afirmou.

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