Vítimas de intoxicação por dietilenoglicol estão em estado grave, diz SES

Vítimas de intoxicação por dietilenoglicol estão em estado grave, diz SES

Todos os 14 internados com intoxicação por dietilenoglicol após ingestão de cerveja da Backer estão em estado grave e com risco de morte, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES). A informação foi dada pela infectologista e diretora do Hospital Eduardo de Menezes, Virgínia Antunes de Andrade. A pasta ainda afirmou que o número de casos pode aumentar. 


De acordo com a Secretaria, foi dado um limite de manifestação dos sintomas em 72 horas. Embora a manifestação seja rápida, a pasta ampliou para investigação sintomas apresentados a partir de outubro. “Os sintomas se iniciam nas primeiras horas após a ingestão. A gente deu um número de 72 horas para ser mais sensível mas geralmente os sintomas aparecem nas primeiras horas de ingestão”, informou Virgínia. 


Para o subsecretário de saúde em exercício, Felipe Laguardia, casos podem aumentar. “O número de casos pode aumentar porque aumentamos a sensibilidade na nossa investigação para pegar também casos mais leves e fazer o tratamento adequado”, disse.


Os casos apontados como mais leves são os que apresentaram como sintomas manifestações gastrointestinais, náusea, vômito e diarreia. As manifestações mais graves comprometem os rins e o sistema neurológico. As manifestações neurológicas podem ser apresentadas dez ou 12 dias depois, de acordo com o infectologista do Hospital João XXIII Adebal Filho. De acordo com o médico, vários fatores são determinantes na manifestação da intoxicação. 


“São vários fatores. O primeiro é se o paciente estava com estômago cheio. O paciente com estômago cheio absorve menos o álcool e, consequentemente, tem uma menor dose ingerida. Alguns indivíduos tem uma resposta amplificada e tem manifestações mais importantes que outras. O álcool é o antídoto. Se esse indivíduo ingeriu com a cerveja uma quantidade mais significativa de álcool, isso tem um efeito protetor também”, explicou.


Os pacientes em estado grave estão recebendo o etanol como antídoto. “O antídoto pode reverter parcialmente e pode não reverter. Não se sabe se o dano é só pelo dietilenoglicol ou pelo metabólico que ele produz. O antídoto é em relação ao dietilenoglicol. Então esses metabólicos circulantes podem causar um dano permanente. O antídoto pode agir enquanto tiver dietilenoglicol circulando”, afirmou a infectologista e diretora do Hospital Eduardo de Menezes, Virgínia Antunes de Andrade.


Casos mais graves estão relacionados ao dietilenoglicol


Os casos de contaminação relacionados ao consumo de cerveja da Backer, até então chamados de síndrome nefroneural, agora passam a ser chamados de intoxicação por dietilenoglicol, uma vez que a presença da substância tem sido determinante para a verificação dos sintomas. 


“Colocar síndrome neunoneural ou nefroneural é porque nós não sabíamos a etiologia. Conhecendo a etiologia, é importante que seja falado, até para que a população saiba e a comunidade de saúde também saiba que a gente está tratando de um caso de intoxicação”, explicou Adebal de Andrade Filho, infectologista do Hospital João XXIII.


Filho também explicou que os casos mais graves estão relacionados ao dietilenoglicol, embora a substância monoetilenoglicol também tenha sido encontrada nas cervejas. “O dietilenoglicol e o etilenoglicol são álcoois da mesma família, mas tem características diferentes. O etilenoglicol tem um comprometimento renal também, como o dietilenoglicol, mas esse também tem manifestações neurológicas. Ele é uma intoxicação potencialmente mais grave. As duas substâncias são tóxicas”, disse.


Filho também explica que a demora para os resultados das análises das substâncias está na raridade do caso. “Nós não temos registros, nos últimos 40 anos, de intoxicação por dietilenoglicol no Brasil. Então essa substância não é pesquisada normalmente. Com o surto é que se iniciou a possibilidade de se fazer a dosagem”, explicou.


Cervejas da Backer devem ser entregues à Vigilância Sanitária


Mesmo que a Justiça tenha determinado nessa quinta-feira (16) que apenas sejam recolhidos os oito rótulos das cervejas da Backer comprovadamente contaminados, entre eles os da Belohorizontina e da Capixaba, a diretora de promoção à saúde e vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, Lúcia Paixão, reafirmou nesta sexta-feira (17) que a população deve entregar à Vigilância Sanitária todas as cervejas que possuir da marca. 


“A princípio, neste momento, estamos recolhendo tudo. Por uma questão de saúde”, disse.


Buritis


A secretária ainda afirmou que o fato de o Buritis, bairro da região Oeste de Belo Horizonte, ter sido palco da maior parte das supostas contaminações após ingestão de cerveja da Backer, evidencia que o bairro teve acesso à maior parte dos lotes contaminados. 


“Provavelmente é pela distribuição dos lotes. Os estabelecimentos comerciais do Buritis receberam um maior volume das cervejas que possuem esse tóxico, porque não tem uma relação direta com o local”, afirmou a secretária.


Lúcia ainda reafirmou que o descarte deve ser feito de forma regular. “Essa cerveja não deve ser descartada nem no esgoto nem no lixo comum. Essa cerveja deve ser entregue à vigilância sanitária”, disse.


Atualizada às 13h37.

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