União Europeia especula vacinação obrigatória contra Covid

União Europeia especula vacinação obrigatória contra Covid

A vacinação obrigatória não deve ser descartada como política pública para defender a população da União Europeia (UE), disse nesta quarta (1ª) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.


Regras de saúde pública no bloco europeu são decididas pelos governos nacionais, e, na terça (30), a Grécia anunciou que passará a multar residentes de 60 anos ou mais que não se imunizarem até 16 de janeiro. Já a Áustria pretende tornar compulsória a vacina anti-Covid a partir de fevereiro.


O comentário da líder do Executivo da UE vem no dia em que a Alemanha registrou o maior número de mortes por Covid dos últimos nove meses. O Instituto Robert Koch, a agência federal de controle de doenças do país, relatou 446 óbitos pela doença nesta quarta -maior cifra diária desde 18 de fevereiro.


A taxa de incidência da doença nos últimos sete dias por 100 mil habitantes, porém, caiu pelo segundo dia consecutivo: 442,9, contra 452,2 na terça. Epidemiologistas locais afirmam que, se seguir assim, o país ainda pode ter 6.000 pessoas com Covid em tratamento de terapia intensiva até o feriado do Natal, independentemente das medidas de mitigação que as autoridades tomem nos próximos dias.


Von der Leyen pediu aos 27 países-membros do bloco europeu que ampliem a porcentagem de habitantes imunizados e acelerem a aplicação de doses de reforço. Também considerou aceitável que, enquanto não há evidências científicas sobre o efeito da variante ômicron, governos exijam de viajantes testes negativos para Sars-Cov-2, mesmo nas viagens internas na UE, como vem fazendo Portugal.


Questionada por repórteres sobre a obrigatoriedade da imunização, respondeu: "Temos as vacinas, que salvam vidas, mas não estão sendo usadas adequadamente em todos os lugares. E este é um custo enorme para a saúde. A vacinação obrigatória na União Europeia precisa ser discutida. Isso precisa de uma abordagem comum, mas é uma discussão que acho que deve ser cumprida".


A presidente da Comissão Europeia ressaltou ainda que, na média, um quarto dos adultos e um terço da população total do bloco não foi vacinada, o equivalente a 150 milhões de pessoas, número que considerou excessivo mesmo descartando crianças e quem não pode receber a injeção por motivos médicos. Vacinas da Pfizer estarão disponíveis a crianças da UE a partir de 13 de dezembro.


"A grande maioria poderia [tomar a vacina], portanto acho compreensível e adequado conduzir essa discussão agora", afirmou. Von der Leyen, como diversos líderes do bloco, disse que sistemas de saúde estão ficando sob pressão com a quarta onda de Covid e que a nova cepa pode piorar o quadro.


Quatro pessoas no sul da Alemanha receberam diagnóstico de Covid com a variante ômicron, embora já estivessem com esquema vacinal completo, segundo anunciado também nesta quarta. Três dos infectados tinham viajado para a África do Sul recentemente, e a quarta pessoa é parente de um deles.


O futuro premiê alemão, Olaf Scholz, já havia afirmado nesta terça que o país vai discutir a possível obrigatoriedade da vacina -atualmente, 68% dos alemães tomaram as duas doses-, mas reforçou que decisão do tipo cabe ao Bundestag, o Parlamento do país. De acordo com o social-democrata, a medida deveria começar a valer até, no máximo, o início de março do próximo ano.​


Os dois primeiros casos da nova cepa também foram confirmados na Noruega em pessoas que viajaram recentemente para a África do Sul, informaram as autoridades de Oeygarden, no oeste. A cidade de cerca de 40 mil habitantes passa por um aumento do número de infecções, e a Noruega anunciou o retorno do uso de máscaras em locais lotados, bem como a aceleração da aplicação de doses de reforço.


Já na Dinamarca, a autoridade de segurança sanitária disse que uma pessoa infectada com a ômicron participou de um show no sábado (27), no município de Aalborg, com cerca de 2.000 pessoas. O governo pediu que todos os presentes realizem testes. O país nórdico registrou recorde de novas infecções diárias por Covid nesta quarta -5.120 casos- e tem seis contaminações pela nova variante confirmados.


Funcionários da OMS (Organização Mundial da Saúde) informaram que pelo menos 24 países relataram casos da variante ômicron e que 56 nações já implementaram medidas restritivas em suas fronteiras na expectativa de conter o avanço da variante -o que contraria recomendações da própria organização.


O governo da França anunciou que todos os viajantes de países que não sejam membros da UE terão de apresentar um teste negativo para Sars-Cov-2, mesmo que estejam vacinados. A suspensão de voos de países do sul da África, anunciada na última semana, foi estendida até a próxima sexta (3).​

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