Nesta quinta-feira, 1º, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou sua indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF): o advogado Cristiano Zanin. Com uma trajetória marcada por sua atuação na defesa do ex-presidente Lula durante a Operação Lava Jato, Zanin agora pode se tornar ministro da Corte. No entanto, sua indicação não está isenta de polêmicas, pois ele próprio foi alvo da operação.
Em setembro de 2020, a Lava Jato deflagrou uma fase em que quatro advogados, incluindo Zanin, foram denunciados. A acusação, feita pelo Ministério Público Federal (MPF), envolvia um suposto esquema de tráfico de influência na divisão fluminense do Sistema S, que abrange o Sesc, o Senac e a Fecomércio do Rio de Janeiro. Os procuradores apontaram indícios de desvio de R$ 151 milhões.
A investigação teve como base a delação do ex-presidente da Fecomércio do Rio de Janeiro, Orlando Diniz. Segundo a Polícia Federal, Diniz afirmou que contratou advogados para atuar nos bastidores de tribunais e órgãos de fiscalização, visando obter decisões favoráveis. A denúncia do MPF apontou que dois advogados, Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, lideraram o suposto esquema entre 2012 e 2018. Ambos negaram as acusações.
No entanto, a denúncia contra Zanin e os demais advogados não prosseguiu. Em abril de 2022, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro trancou a ação penal, arquivando a denúncia, extinguindo a possibilidade de aplicação de pena e anulando a delação premiada de Orlando Diniz.
Cristiano Zanin, de 47 anos, natural de Piracicaba (SP), é formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Especializado em "litígios estratégicos e decisivos, empresariais ou criminais, nacionais e transnacionais", ele é sócio-fundador do escritório Zanin Martins. Sua atuação na defesa de Lula durante a Lava Jato lhe rendeu reconhecimento e, agora, a possibilidade de ingressar no STF.
A indicação de Zanin ainda precisa passar pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, que irá analisar sua nomeação. Posteriormente, a aprovação ou rejeição caberá ao plenário da Casa legislativa. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que a votação ocorrerá antes do recesso parlamentar, com a previsão de conclusão até 16 de julho.
Caso seja aprovada pelos senadores, Zanin poderá ocupar uma cadeira no STF pelos próximos 27 anos, tendo que se aposentar em novembro de 2050, quando atingirá a idade de 75 anos.
