OPINIÃO: Dar 300% de aumento para si próprio e 3,6% para o funcionalismo do estado é um tapa na cara do povo mineiro

OPINIÃO: Dar 300% de aumento para si próprio e 3,6% para o funcionalismo do estado é um tapa na cara do povo mineiro

A realidade política e administrativa no Estado de Minas Gerais ganha contornos de indignação popular quando se observa a disparidade entre os aumentos salariais concedidos pelo Governador Romeu Zema (NOVO) a si próprio e aos seus secretários, e aqueles propostos aos servidores estaduais. Um incremento de 300% no próprio salário e no dos altos cargos do executivo, em contraste com um reajuste de apenas 3,64% para o funcionalismo público, é uma medida que não apenas desconsidera a inflação de 4,62% de 2023, mas também ignora as perdas inflacionárias acumuladas de mais de 40% enfrentadas por categorias cruciais como a Segurança Pública e Educação.


A resposta dos servidores, especialmente aqueles da Segurança Pública, não tardou. Uma mobilização que preocupa os cidadãos mineiros se iniciou, limitada pelo direito de greve, mas expressiva na forma de um movimento de “estrita legalidade”. Tal movimento, onde policiais e agentes de segurança pública limitam suas ações ao estritamente legal, já resulta em uma drástica redução nas ocorrências de destaque, como o tráfico de drogas e o cumprimento de mandados de prisão, o que pode levar a um aumento nos índices de crimes violentos em todo o estado.


A área de educação também já começa a se mobilizar, o que pode causar sério prejuízos aos ano letivo no estado.



O Governador defende que o índice de reajuste proposto é o máximo possível para manter as contas equilibradas, contradizendo o superávit bilionário reportado pelo estado no final de 2023. Além disso, medidas adicionais, como o aumento da alíquota de contribuição dos militares e a redução do repasse ao IPSM, sugerem uma diminuição real dos salários dos militares, potencializando a crise na segurança pública e enfraquecendo politicamente o governo de Zema.


Este cenário levanta questões críticas sobre a gestão pública e o respeito aos direitos dos servidores. O estado, afinal, não deve visar lucro, mas sim garantir a entrega de políticas públicas eficientes, valorizando seu povo e seus servidores. A situação em Minas Gerais é um alerta para a necessidade de um diálogo mais aberto e equitativo entre o governo e as categorias de servidores, para evitar crises que transcendem a esfera estadual e afetam a segurança e o bem-estar da população. Sem apoio legislativo, Zema parece estar querendo adotar por conta própria um severo regime de recuperação fiscal (RRF), uma estratégia que pode custar caro politicamente e socialmente para Minas Gerais.



Foto de Rogério Anício
Este artigo é assinado por Rogério Anício, Editor-Chefe do Portal Minas e que oferece esta coluna semanalmente para os leitores. Reprodução permitida desde que citado o autor.


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