Mulher morre soterrada enquanto estava orando em Ibirité

Mulher morre soterrada enquanto estava orando em Ibirité

Foi enquanto fazia uma oração em sua cozinha que a dona de casa Arlete Nunes, de 37 anos, ouviu o estrondo do desabamento de parte da sua casa, no bairro Novo Eldorado, em Ibirité, na região metropolitana, na noite desta quinta-feira (18). A mulher, que foi soterrada, chegou a pedir socorro aos vizinhos e continuou as orações embaixo dos escombros, mas acabou não resistindo aos ferimentos e morreu no local. O pedreiro dela, um homem de 24 anos, ficou ferido.


Arlete estava no segundo andar da casa, que possui três pavimentos. Segundo vizinhos, ela chegou a ficar mais de 40 minutos orando após o acidente e ainda auxiliou os bombeiros na condução do resgate, mas, durante a retirada de uma viga, acabou não resistindo aos ferimentos. O pastor dela, Milton Luiz Costa, de 42 anos, estava no local e chegou a tentar socorrê-la, mas não conseguiu.


“Ela pedia ‘Deus me ajuda’ e levantava as mãos. É indescritível. É uma sensação de impotência. A gente ouviu ela gritando, pedindo socorro, orando, mas não tinha o que fazer. Uma pessoa que auxiliava a todos em tudo o que podia. Muito amada aqui. Acompanhei ela e a família dela por quatro anos, mas Deus sabe o que faz. Deus está no controle”, afirmou o líder da igreja Ministério Justiça de Deus.


Arlete morava na casa com os dois filhos, uma jovem de 17 anos e um rapaz de 21 anos. Ambos estavam fora da casa quando o desabamento aconteceu.


Nova obra teria provocado o desabamento


Vizinha de parede com Arlete, a dona de casa Andréia Ribeiro Santos, 39, chegou a perder o contato com a vizinha após um desentendimento por causa da obra. Arlete, segundo ela, estaria construindo um puxadinho por cima do muro dela. “Eu questionei em relação ao puxadinho que eles estavam fazendo nos fundos e falaram que não podiam fazer nada. Eu pedi para ela afastar, porque o certo seria um distanciamento. Ela afastou, mas depois disso cortou relação com a gente e continuou fazendo. Todo mundo avisou que a obra não estava segura”, afirmou Andréia.


Ainda de acordo com a dona de casa, a prefeitura chegou a ser comunicada pelos vizinhos. “Com certeza teria sido evitada essa tragédia. A parte que ela estava a construir poderia ter sido embargada, porque estava em risco. A prefeitura para mim foi negligente. Eles vieram, passaram na rua, eu perguntei se eles queriam entrar para conferir e eles disseram que não poderiam fazer nada”, disse.


Em nota, a prefeitura de Ibirité informou que a análise dos fiscais compete apenas ao projeto arquitetônico da edificação. “As vistorias do código de postura não verificam análise estrutural ou presença de responsável técnico na obra, sendo de responsabilidade do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia)”, afirmou.


A prefeitura disse ainda que uma solicitação de vistoria no local foi protocolada no dia 26 de julho de 2018 e que, no dia 30, foi realizada vistoria no local, onde a proprietária mostrou sua edificação e constatou que a construção já havia sido finalizada. “Nas imagens avaliadas e relatos no local ontem (data do desabamento), foi possível verificar que o desabamento ocorreu em uma nova ampliação pós fiscalização já mencionada. Após vistoria realizada, não foi protocolada/solicitada nova vistoria da referida obra”, finalizou a prefeitura, que disse ainda estar dando todo apoio necessário os familiares envolvidos no acidente.

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