Cid diz que ex-presidente se reuniu com cúpula das Forças Armadas para discutir intervenção
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, revelou à Polícia Federal que o ex-presidente, quando ainda estava no cargo, se reuniu com a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica após as eleições do ano passado para discutir detalhes de um possível plano de golpe para não deixar o poder.
Em um dos três longos depoimentos que concedeu, Cid detalhou duas situações. A primeira em que o então presidente recebe uma minuta golpista e a outra é o detalhamento da reunião com a cúpula militar.
Na reunião militar, a ala de seu governo teria sido consultada por Bolsonaro para discutir detalhes de uma minuta que abriria possibilidade para uma intervenção militar.
Segundo Cid, em depoimento, a cúpula da Marinha disse ao então presidente que as tropas estavam prontas para agir, apenas aguardando uma ordem dele. Já o comando do Exército não teria aceitado o plano.
Esse depoimento sobre plano golpista e minuta do golpe é um dos pontos analisados pela Polícia Federal. O assunto foi delatado e após isso a PF passa a corroborar as informações.
A Polícia Federal tem tratado o tema com cautela e sigilo. Para os fatos serem validados e as pessoas citadas pelo tenente-coronel serem eventualmente responsabilizadas, é preciso que haja provas que corroborem as informações repassadas pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Aliados de Bolsonaro já avaliam uma possível prisão preventiva
Após a revelação do plano golpista, aliados de Bolsonaro temem a possibilidade do STF pedir a prisão preventiva do ex-presidente.
O advogado de Cid, Cezar Bitencourt, disse que não confirma o conteúdo da delação por se tratar de assunto sigiloso. Ambas as defesas e a própria PF estão investigando como o teor deste trecho da delação foi parar na imprensa.