Dono de bar em Viçosa-MG faz sucesso maltratando os clientes

Dono de bar em Viçosa-MG faz sucesso maltratando os clientes

Luizinho Capelão, do Bar do Capelão, de Viçosa (MG): tratamento inusitado aos clientes virou receita de sucesso (Foto: Divulgação)


No mercado de bares e restaurantes, um bom atendimento é fundamental para oferecer uma boa experiência aos clientes – e tê-los de volta. Entretanto, um estabelecimento em Viçosa, na Zona da Mata mineira, tornou-se conhecido – e procurado – pela má qualidade do atendimento prestado: o Bar do Capelão. A empresa é comandada por Arlindo Luiz Silva Paiva, o Luizinho Capelão.


O empreendedor costuma destratar a freguesia, normalmente chamando os clientes de “insetos” e criticando quem não pede as opções mais lucrativas de seu cardápio.


Ele não tem garçons para economizar e arremessa copos e pratos do balcão às mesas de quem para no bar para tomar alguma coisa ou comer uma porção. Além disso, o empreendedor tem forte presença no Facebook, com posts carregados de ironia e ofensas aos fãs, e lançou recentemente uma cerveja artesanal com seu nome.


Capelão, mineiro de 46 anos, herdou o apelido do pai, Vicente. “Ele era religioso e passava muito tempo rezando na capela da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Depois o nome passou para mim”, diz Capelão.


O empreendedor, que largou os estudos quando estava na quinta série, começou a trabalhar vendendo picolés nas ruas de Viçosa aos oito anos de idade. Também foi engraxate, servente de pedreiro e vendedor ambulante de churrasco e bebidas. Aos 19, montou o bar, que é seu principal sustento desde então.


Segundo Capelão, os maltratos aos clientes surgiram como uma reação às zoações de colegas e clientes. “Eu tinha um problema na língua que dificultava minha fala e não conseguia me expressar bem. Sofria muita gozação por isso. Aprendi a lidar com esse problema zoando e xingando eles de volta. Apenas comecei a ter dentro do bar a postura que eu tinha no dia a dia”, afirma.


Além de chamar os visitantes de “insetos”, o vocabulário do empreendedor tem uma boa dose de palavras de baixo calão. Os copos e pratos são realmente arremessados. “Mas vale ressaltar que eu aviso antes de jogá-los”, diz Capelão.


As grosserias fizeram com que o mineiro se transformasse em um sucesso na internet. No Facebook, mais de 94 mil usuários seguem a fanpage do Bar do Capelão. Os xingamentos à audiência são de praxe, principalmente a clientes que gastam pouco ou vão ao bar só para beber e não comem nenhuma porção.


Um tipo de postagem comum na página fala sobre a venda de produtos, principalmente carne e cerveja, para consumo fora do bar, pois quanto mais gente longe dele, melhor.


Outra das “práticas de gestão” alardeadas no perfil do bar do Facebook diz respeito à cobrança adicional de pizzas queimadas, sob o argumento de que, ao deixar a comida demais no forno, o empreendedor gastou mais lenha. No entanto, de acordo com Capelão, isso não passa de brincadeira. “Se o cliente reclama, ou eu dou um desconto ou asso outra pizza. A reclamação é apenas uma piada.”


Entretanto, Capelão diz que, graças à visibilidade trazida pelas mídias sociais, seu estresse anda menor. “O nível dos clientes subiu bastante, o que me deixa mais tranquilo.”


Neste ano, embarcando no sucesso de seu empreendimento, Capelão criou alguns produtos exclusivos. Primeiro, surgiu a cerveja artesanal Abusiva – “a única que dá lucro de 700%”, segundo o mineiro. Em seguida, outro rótulo, batizado de Perturbada. Ainda nesta semana, deve começar a venda de camisetas que têm o bar como tema.


Política
Capelão é crítico de algumas políticas de Viçosa, que, segundo ele, atrapalham a liberdade de se empreender sem ser atrapalhado pelo poder público. Uma das histórias folclóricas de Capelão tem a ver com uma das políticas com a qual ele se opõe: o fechamento dos bares da cidade às 2h da madrugada. “Eu estava indo embora quando chegou uma turma de estudantes. Disse a eles que já tinha fechado o bar por causa do horário, mas eles insistiram e eu esperei passar cinco minutos para reabrir. Quando a polícia chegou, só disse a eles que a lei mandava fechar às 2h, mas não determinava a hora que eu tinha que abrir o bar”, afirma.


No ano passado, com o objetivo de mudar esse cenário, o empreendedor decidiu se candidatar a vereador. “Queria representar os pequenos comerciantes de Viçosa e os clientes desses estabelecimentos”, diz. No entanto, faltaram 78 votos para que Capelão fosse eleito.


Capelão não revela quanto fatura no bar, mas diz que sua empresa é de pequeno porte. No Facebook, ele recebe diversos convites públicos para franquear o negócio, mas não há interesse da parte dele. “Um negócio só já me dá dor de cabeça demais”, diz. Como meta para o futuro, Capelão planeja lançar novos produtos e vendê-los no bar.

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