Doença misteriosa: Polícia Civil afirma ter encontrado dietilenoglicol em amostras da cerveja Belorizontina

Doença misteriosa: Polícia Civil afirma ter encontrado dietilenoglicol em amostras da cerveja Belorizontina
A Polícia Civil informou, em pronunciamento na noite desta quinta-feira, que, em exames preliminares, foi encontrada a substância dietilenoglicol em duas amostras da cerveja Belorizontina, da fábrica Backer, encaminhadas pela Vigilância Sanitária de Belo Horizonte. Quatro garrafas foram recolhidas nas casas de pessoas que consumiram a bebida no bairro Buritis, na região Oeste da capital, e estão uma infecção misteriosa. A corporação instaurou um inquérito para investigar o caso.

A polícia disse que a substância foi encontrada nos lotes L1 1348 e L2 1348 da bebida e recomendou que quem tenha comprado o produto desses lotes não o consuma e o disponibilize para análise. Após a constatação, os investigadores estiveram nesta tarde na empresa, no bairro Olhos D'Água, na mesma região. Em nota, a Backer negou que usa dietilenoglicol na produção da cerveja.


O site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diz que o dietilenoglicol “é um solvente orgânico altamente tóxico que causa insuficiência renal e hepática podendo inclusive levar a óbito quando ingerido.” Segundo o órgão, fatalidades associadas a essa substância foram relatadas em 1938, nos Estados Unidos, em 1996, no Haiti, e em 1998, na Índia.


Segundo o promotor do Procon do Ministério Público de Minas Gerais, Amauri da Mata, a substância é usada no processo de refrigeração da cerveja na produção. “Pelo que se viu das investigações, essa análise é compatível com os problemas que os consumidores sofreram.” Ele afirma que, pelo que foi investigado até o momento, não é possível culpar a fabricante. “Não há, em hipótese alguma, a afirmação de que a empresa tenha tido a intenção ou seja responsável por isso.”


Pelo menos oito pessoas foram internadas em Minas com os sintomas da infecção. Uma delas, Paschoal Demartini Filho, de 55 anos, morreu na noite dessa terça-feira (7) em Ubá, na Zona da Mata. Os pacientes são do sexo masculino, com idade entre 23 e 76 anos. Cinco moram em Belo Horizonte, e um em Nova Lima, na Região Metropolitana de BH; seis deles estão internados em hospitais da Grande BH e um em Juiz de Fora, na Zona da Mata. A média de dias entre o início dos primeiros sintomas e a internação foi de dois dias e meio. Todos com insuficiência renal aguda de rápida evolução (até 72h) e alterações neurológicas centrais e periféricas.


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Desde que foi notificada, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte acompanha e monitora os casos e investiga os aspectos clínicos, epidemiológicos e sanitários que envolvem a ocorrência. Essa investigação abrange, inclusive, ação dos fiscais sanitários na coleta de alimentos e demais produtos, para análise laboratorial, além de vistorias nos locais de aquisição desses produtos.


Íntegra da nota da Backer:


Após entrevista coletiva nesta tarde, a Polícia Civil divulgou laudo informando que a substância dietilenoglicol foi identificada em duas amostras recolhidas da cerveja Belorizontina na casa de clientes, que vieram a desenvolver os sintomas. Vale ressaltar que essa substância não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina, fabricada pela Cervejaria Backer. 


Por precaução, os lotes em questão - L1 1348 e L2 1348 - citados pela Polícia Civil, e recolhidos na residência dos consumidores citados, serão retirados imediatamente de circulação, caso ainda haja algum remanescente no mercado. A Cervejaria Backer continua à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação.

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