Vereadores e prefeitos de cidades mineiras devem usar os seus 'currais eleitorais' para faturar um dinheiro extra na eleição deste ano

Vereadores e prefeitos de cidades mineiras devem usar os seus 'currais eleitorais' para faturar um dinheiro extra na eleição deste ano

Confiando no "voto de cabresto" no interior do estado os "políticos profissionais" devem gastar milhões comprando apoios de prefeitos, vereadores e lideranças políticas


O "balcão de negócios" já está montado à espera das eleições de 2018. É nessa oportunidade que a maioria dos prefeitos e vereadores das cidades do interior de Minas aproveitam para faturar uma grana extra.


Donos dos chamados "votos de cabresto", estas lideranças acabam sendo cooptados à peso de ouro para transferir esses votos para os políticos mais endinheirados que saem à procura dos chamados "cabos eleitorais".


Especula-se que em cidades de médio e pequeno porte de Minas, cada prefeito pode faturar até 100 mil reais para vender o voto dos seus eleitores aos candidatos. O investimento em cada vereador pode variar entre 20 a 40 mil reais dependendo do tamanho da cidade.


Um vereador da cidade de Mantena (leste de Minas) que preferiu manter seu nome em sigilo disse que já recebeu uma proposta de cerca de R$ 35 mil reais de um parlamentar que busca a reeleição.


"A oferta foi feita sem cerimônia no gabinete do deputado. Ele me propôs dar R$ 15 mil logo no começo da eleição e o restante depois da apuração, dependendo da quantidade de votos obtidos aqui na cidade", disse ele. 


Municípios mineiros acabam pagando um alto preço


Na opinião de especialistas em eleição e gestão pública, esse "varejão político" como é chamado na gíria dos políticos acaba custando um preço muito alto aos municípios.


"Ao vender o apoio e focar apenas o lado pessoal e financeiro, as lideranças políticas locais acabam contribuindo por privar os seus municípios de recursos importantes para a saúde, educação e segurança pública. É comum nos municípios do interior, deputados "comprarem" o apoio das lideranças e só colocarem os pés na cidade no período eleitoral", afirmou Ricardo Zenitt da R&M Consultoria.


O município de Santana do Paraíso no Vale do Aço é um exemplo disso. Considerado um verdadeiro "paraíso" para os políticos endinheirados, a cidade padece há décadas com uma infra-estrutura precária e sua população depende quase que totalmente dos municípios vizinhos quando precisa procurar um atendimento descente na área de saúde. 


Outro ponto negativo dessa "venda de apoio" é contribuir para a não renovação da política, já que geralmente o balcão de negócios é feito por políticos que estão na política há vários anos, acumulando riquezas e patrimônio.


 


Santana do Paraíso no Leste de Minas é o reflexo de uma cidade que padece há décadas com a falta de representatividade. Na foto, esgoto a céu aberto que atravessa o maior bairro da cidade 


Barganha com cargos públicos


Uma prática costumeira pelos atuais deputados estaduais e federais começa a ficar mais acentuada neste período pré-eleitoral. É a chamada barganha de cargos de assessoria em gabinetes de deputados em troca de apoio político nos municípios. Somente nesta semana, dezenas de parlamentares adotaram a prática.


Na assembléia de Minas, o deputado estadual Thiago Cota (MDB) nomeou, em seu gabinete na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a esposa do prefeito de Carangola, Paulo Pettersen (MDB) para receber mensalemente R$ 4.313,44 em dinheiro público em troca do apoio na eleição.


Quem também ganhou um cargo na Casa é o ex-prefeito de Bocaiuva Ricardo Afonso Veloso (PSDB). Ele foi lotado no gabinete do deputado Gustavo Valadares (PSDB). 

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