'Era um monstro sob nosso teto', diz casal que adotou atirador da Flórida

'Era um monstro sob nosso teto', diz casal que adotou atirador da Flórida

O casal James e Kimberly Snead, de Parkland, na Flórida, afirmou em entrevista neste sábado (17) ao jornal The Sun Sentinel que o jovem Nikolas Cruz — formalmente acusado de assassinato premeditado pela polícia americana após abrir fogo contra estudantes em uma escola pública — parecia ‘solitário’ e ‘depressivo’, mas não dava sinais sobre o massacre que estava prestes a cometer.


Segundo a publicação, James e Kimberly receberam Cruz em sua casa no final de 2017, depois que a mãe do jovem morreu de pneumonia no mês de novembro. Nikolas Cruz era amigo do filho do casal — que pediu à família para acolhê-lo. “Nós tínhamos esse monstro vivendo sob o nosso teto e não sabíamos. Não víamos esse lado dele”, disse Kimberly. “Tudo o que todos pareciam saber sobre ele, nós não sabíamos. Simples assim”, completou James.


O casal ainda disse ao jornal que tinha conhecimento das armas de fogo em posse de Cruz — inclusive o rifle AR-15 utilizado no tiroteio —, mas afirmou que elas ficavam trancadas em um armário ao qual somente o pai da família teria acesso. Nikolas Cruz, que se dizia caçador, tinha de pedir permissão para usá-las. O americano agora presume que o jovem escondia consigo uma cópia da chave. “Eu disse a ele que tínhamos regras e ele as seguia ao pé da letra”, garantiu James.  




 


"Tínhamos monstro vivendo sob nosso teto e não sabíamos", afirmou casal Reprodução/Sun-sentinel.com/19.02.2018


Na entrevista, Kimberly ainda contou que, cinco dias antes do tiroteio, levou o jovem de 19 anos — que parecia cada vez mais deprimido — ao consultório de um terapeuta. Cruz teria dito que estava aberto à terapia, mas não gostaria de tomar remédios, segundo o Sun Sentinel.


O atirador trabalhava em uma loja na região e estudava em uma escola para adultos. No dia do massacre, disse à mãe da família que não iria à aula. “Ele me falou: ‘Hoje é Valentine’s Day e eu não vou à escola no Valentine’s Day'”, relatou Kimberly.


O casal soube do massacre quando a polícia foi revistar sua casa à procura de Nikolas Cruz, momentos depois do tiroteio na Marjory Stoneman Douglas High School. James e Kimberly foram levados para a delegacia do Condado de Broward enquanto seu filho já era interrogado pelas autoridades — os investigadores logo chegaram à conclusão de que a família não tinha nenhum envolvimento no caso. A última vez que viram Cruz foi na própria delegacia, quando o atirador chegou algemado. “Ele parecia absolutamente perdido e pediu desculpas”, concluiu o pai.


O massacre


Na última quarta-feira (14), pelo menos 17 vítimas foram mortas por Nikolas Cruz durante o tiroteio, enquanto outras 15 ficaram feridas. O jovem atirador, de 19 anos, era aluno da instituição de ensino e havia sido expulso por indisciplina em 2017. De perfil agressivo, ele iniciou uma campanha de terror, jurando vingança, segundo relatos de alunos. Ele foi detido pelos agentes a 1,5 km de distância da escola enquanto fugia em meio à multidão de estudantes. Cruz se rendeu à polícia sem resistência e foi preso com uma grande quantidade de munição e um rifle AR-15.

Receba notícias no seu e-mail: Clique para se cadastrar