Bispo diz para mulheres se calarem em programa de TV

Bispo diz para mulheres se calarem em programa de TV

Comentários foram mal recebidos nas redes sociais


A história mostrada pelo programa “The Love School – A Escola do Amor”, da Record TV, no último sábado, em que um casal relata uma história de violência doméstica, não chamou a atenção somente pela peculiaridade dos personagens. Após a entrevista dos envolvidos, o apresentador do programa, bispo Renato Cardoso, sugeriu que as vítimas de crime também têm culpa por não “controlarem a língua”.


Foi só a declaração ser veiculada para que o vídeo tomasse conta das redes sociais. Na internet, há defensores e críticos de Cardoso, que apresenta o programa junto com a companheira, Cristiane Cardoso, filha do bispo Edir Macedo, presidente da Record TV.


“Homem leva a fama de covarde quando bate em mulher. Nunca há desculpa. Porém, o que quase ninguém fala, um erro tão sério quanto o dele, por anos e anos, a mulher não sabia controlar a língua”, comentou o bispo, logo após a exibição da entrevista. Na história mostrada pelo programa, um homem, acompanhado da esposa, conta que chegou a agredi-la por 20 minutos após uma discussão verbal. “Mulher, preste atenção, cale a boca. Se você não vai acrescentar nada nem levantar a moral dele, cala a sua boquinha”, completou.


Apesar das falas, o bispo diz que “nada justifica a violência contra a mulher” e orienta as telespectadoras a denunciarem esse tipo de crime.


Legitimada. Para a psicóloga Maria da Penha Diniz Rocha, do Movimento Contra a Violência das Mulheres, o depoimento de Cardoso soa como machista pelos argumentos usados como motivos para a agressão. “Independentemente da situação, a vítima não pode ser culpabilizada pelo que sofre”, comentou. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) no ano passado, 126.710 ocorrências de violência doméstica foram registradas em Minas Gerais. Isso significa que, por hora, 14 mulheres foram vítimas de violência psicológica, física, moral, sexual ou patrimonial. Porém, o número de mortes de mulheres por violência doméstica caiu 16,27% no Estado, em 2016.

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