Ataques com caminhões-bomba matam mais de 270 na Somália

Ataques com caminhões-bomba matam mais de 270 na Somália

Homens e soldados somalianos chegam ao local em Mogadíscio onde caminhão-bomba explodiu para resgatar as vítimas


MOGADÍSCIO, SOMÁLIA. Um caminhão-bomba explodiu em frente ao Safari Hotel, em uma área movimentada e próxima ao Ministério de Relações Exteriores de Mogadíscio, capital da Somália, no sábado. Dezenas de prédios foram afetados e vários veículos pegaram fogo. Algumas horas depois, uma segunda explosão foi registrada em um movimentado mercado no bairro de Medina. Pelo menos 276 pessoas morreram e mais de 300 ficaram feridas, segundo o ministro da informação do país, Abdirahman Osman.


“É difícil ter um número (de mortes) preciso porque os corpos foram levados para hospitais diferentes e alguns foram retirados dos locais das explosões diretamente por seus familiares para serem enterrados”, disse Ibrahim Mohamed, um chefe de polícia. Para ele, trata-se do pior atentado que o país já teve.


O governo chamou o episódio de “desastre nacional”. “Eles atacaram a área mais populosa de Mogadíscio, matando apenas civis”, disse o primeiro-ministro, Hassan Ali Khaire. Segundo a imprensa somali, os mortos são, em maioria, vendedores ambulantes. O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Farmaajo, declarou três dias de luto.


Os hospitais tiham dificuldade para tratar os feridos, muitos com queimaduras graves. Zainab Sharif, mãe de duas crianças, perdeu o marido. “Nós perdemos tudo”.


Autoria. Nenhum grupo reivindicou o ataque, mas o governo, que é respaldado pela comunidade internacional, culpou os rebeldes shebaab – grupo embrião da Al Qaeda que executa com frequência ataques suicidas em sua luta contra o governo. Os shebaab foram expulsos da capital há seis anos por tropas somalis e da União Africana. Eles perderam o controle das principais cidades do sul, mas continuam controlando as zonas rurais.


As explosões aconteceram dois dias após as renúncias do ministro da Defesa e do comandante do Exército – sem motivos claros. Em nota, o Itamaraty condenou o atentado. “Ataques covardes como este revigoram o compromisso dos EUA em ajudar nossos parceiros africanos no combate ao terrorismo”, disse os EUA em comunicado. O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, pediu “união diante do terrorismo”.


Um país em estado de guerra. A Somália vive em estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado. O país ficou nas mãos de milícias radicais islâmicas, senhores da guerra que respondem aos interesses de um clã determinado e grupos armados.


Obstáculo à ajuda humanitária. Além dos ataques terroristas, os jihadistas também impedem o acesso de grupos humanitários, o que agrava a fome no país, atingido por forte seca.


População sem assistência. No início deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) estimou que mais de 6 milhões de somalis precisavam de ajuda urgente, o que correspondia a mais da metade da população.

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